Eu tenho aqui em casa a coleção completa
do "Sítio do Pica-pau Amarelo" de Monteiro Lobato.
Tenho desde pequena, aprendi a gostar de ler assim.
Minha mãe comprava no Círculo do Livro, que enviava
os livros pelo correio - um volume por mês -
e eu aguardava ansiosa a chegada das caixas
recheadas com o presente colorido, de capa dura
e com ilustrações no começo de cada capítulo.
Até hoje gosto de reler algumas estórias,
cheias de poesia e fantasia, gargalhadas garantidas
e uma sabedoria atemporal...
Um dos meus preferidos é "Memórias da Emília",
onde a boneca desfia pérolas de conhecimento,
suas opiniões filosóficas acerca da vida e das pessoas,
e é impossível não parar para refletir
ao me deparar com trechos como este:
“A vida, senhor visconde, é um pisca-pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso.
É um dorme e acorda, dorme e acorda,
dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais.
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia.
Pisca e mama; pisca e anda; pisca e brinca;
pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;
por fim pisca pela última vez e morre.
E depois que morre? - perguntou o Visconde.
Depois que morre, vira hipótese.
É ou não é?”
Fica aí a questão para piscar e pensar.
terça-feira, 2 de junho de 2009
para piscar :)
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