quinta-feira, 26 de novembro de 2009

simples.

é preciso ser feliz todos os dias.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

quando me faltam palavras

















- preste muita atenção, mamãe!


só me resta agradecer.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

.

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas
usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer
os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos
lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa


terça-feira, 22 de setembro de 2009

tempo de fazer arte

Uma postagem curtinha só pra explicar
o porquê de tanto tempo sem ter tempo
pra escrever aqui. Tenho trabalhado em
um projeto muito legal com minha irmã,
que também é minha parceira nas artes.
Vale a pena conferir, clicando aqui e aqui.
Luz, paz & amor! Boa noite e até mais.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Na memória.

Quando eu tinha dez
ou doze anos li esse texto
em uma apresentação da escola, e
apesar da timidez e do nervosismo
ao ler em voz alta pra muita gente,
lembro de ter ficado bem impressionada,
pensando que a coisa fazia todo sentido.
Agora me deparei com ele por acaso,
num blog lindo de um amigo querido,
e não me furtei a dar um ctrlC/ctrlV.
Porque tem tudo a ver.
Grata, Rapha.




"O homem, bicho da terra tão pequeno

Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver."

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 20 de julho de 2009

dançar para não dançar

Eu sou uma das poucas pessoas que conheço
que não tem um aparelho de mp3 ou algo
que o valha. Sou do tempo do walk-man, anos 80,
aquele do tamanho de um tijolo com fita cassete.
Estou acostumada a ouvir música dentro de casa,
e faz tanto tempo que não sei o que é sair por aí
com música nos ouvidos, que quando o marido
me empresta seu celular com mp3, eu faço ele passar
vergonha na sala de espera do consultório médico.
O coitado, resignado, me olhando como quem diz
''matuta, é até bom que não tenha mesmo um desses,
era capaz de perder o ônibus, ser atropelada, etc.''
Mas que é bom é. Isso ninguém pode questionar.
O mundo troando do lado de fora da sua cabeça,
e você ali, lá ra rá, imerso num momento único, só seu.
Você é o próprio oásis melodioso em meio ao caos
turbulento da cidade ao seu redor. Olha, eu não
consegui me controlar, e aconselho seriamente
você a fazer o mesmo, mesmo que seja na fila do banco,
a música sempre acalma a alma e o coração.
Não se importe se você parecer sem juízo,
dançando no silêncio, aos olhos de quem vê.
(Só não vale cantar em altos brados se você
não foi abençoado com uma voz afinada.)
Fora isso, deixe a vergonha para os outros,
quem diz que o bom é sempre ter juízo
nunca perdeu a cabeça.

Como já disse Rita Lee:

''dance, dance, dance
gaste um tempo comigo
não, não tenha juízo
dê-se ao luxo de estar sendo fútil agora
dance, dance, dance
faça como Isadora
que ficou na história
por dançar como bem quisesse...''

quinta-feira, 9 de julho de 2009

ok

Depois de muito falatório,
movida pela curiosidade,
eu resolvi me render ao twitter.
Mas alguém me explica pra que serve?
Porque mexi, remexi e não entendi nada.
Os twitters de plantão que me perdoem
mas ainda prefiro os blogs.
.
.
.
.
.
(PS, 15 dias depois:
Que nada, o twitter é ótimo.

Todo mundo tem direito de mudar de idéia, né não?)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

.

viver é tão simples
as pessoas só precisam de amor

terça-feira, 2 de junho de 2009

para piscar :)

Eu tenho aqui em casa a coleção completa
do "Sítio do Pica-pau Amarelo" de Monteiro Lobato.
Tenho desde pequena, aprendi a gostar de ler assim.
Minha mãe comprava no Círculo do Livro, que enviava
os livros pelo correio - um volume por mês -
e eu aguardava ansiosa a chegada das caixas
recheadas com o presente colorido, de capa dura
e com ilustrações no começo de cada capítulo.
Até hoje gosto de reler algumas estórias,
cheias de poesia e fantasia, gargalhadas garantidas
e uma sabedoria atemporal...
Um dos meus preferidos é "Memórias da Emília",
onde a boneca desfia pérolas de conhecimento,
suas opiniões filosóficas acerca da vida e das pessoas,
e é impossível não parar para refletir
ao me deparar com trechos como este:

“A vida, senhor visconde, é um pisca-pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso.
É um dorme e acorda, dorme e acorda,
dorme e acorda,
até que dorme e não acorda mais.
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia.
Pisca e mama; pisca e anda; pisca e brinca;
pisca e estuda;
pisca e ama; pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;

por fim pisca pela última vez e morre.
E depois que morre? - perguntou o Visconde.
Depois que morre, vira hipótese.
É ou não é?”

Fica aí a questão para piscar e pensar.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

não passou

Tenho andado ausente.
Não sinto muita vontade de escrever,
apesar de ter muito na cabeça.
Nem é mais preguiça, como dito antes.
São tantas coisas girando no pensamento,
que não consigo ordenar tudo num texto.
(e eu bem que gostaria.)
Quero apenas observar as coisas
ao meu redor, por enquanto.
Sinto mais vontade de ler...
vou absorvendo inspirações.
De vez em quando preciso de um tempo
pra dar um tempo, e apesar de sentir falta
das épocas em que as palavras fluem melhor
ainda acho que é preciso seguir o coração.
E o meu tem me levado a outras paragens...
quero novos olhares.

terça-feira, 28 de abril de 2009

...

Não é falta de tempo não.
É preguiça de escrever mesmo.
Daqui a pouco passa,
a inspiração vem e eu volto.
(suspiro...)

segunda-feira, 30 de março de 2009

Querido diário, (semanário, mesário, tanto faz)

Hoje acordei depois de um daqueles sonhos horríveis.
É assim, eu tenho pesadelos,
com ETs e tsunamis desde pequena.
(Mesmo depois de a minha mãe desejar
boa noite, sonha com os anjos.)
E neles eu corro e fujo desesperada e acabo
acordando com meus próprios gritos
ou os meninos me acordam, coitados...
ser despertado no meio do sono,
pela louca aos berros.
Mas tudo bem. Todo mundo tem suas estranhezas.

Aí, fiz o almoço, almoçei e assisti TV com meu pequeno,
contei uma história pra ele e tive raiva quando descobri
que ele tinha desenhado navios na parede do meu quarto.
Até porque ele tem uma parede no quarto dele só pra isso,
pra não precisar riscar as outras da casa. (todas riscadas)
Mas o navio era lindo, tenho que admitir.

Mais tarde minha mãe passou por aqui
e me levou para assistir ao curta do Vitim,
"Fulô de Kuroyama", que é lindo e me fez chorar horrores.
Porque tem imagens belíssimas da casa que não existe mais,
mas que sempre existirá, e porque é inspirado
na vida e obra de minha própria irmã que só tem 26,
mas parece ser de outro planeta
e ter muitas centenas de anos... ( nenhuma semelhança
com os ETs dos sonhos, que são malignos e ela é boazinha,
salvo quando tem TPMs matadoras.)

E depois foram todos pra casa da Zahra, comemorar
o aniversário da Lud, querida Ludluz, mas eu não fui.
Porque môre pediu por favor pra eu não ir,
porque é segunda-feira e as meninas compraram
14 cervejas e dois vinhos e eu ia voltar bêbada.
E eu não posso dizer não pra uma pessoa que
nunca me pede nada e que faz tudo o que eu peço,
sem reclamar, e olha que eu sou pidona.
E ele ainda foi no supermercado sozinho,
porque eu detesto fazer supermercado,
e também não gosto de segundas-feiras.
(Mas ele se esqueçeu do meu sorvete.)

E agora eu escrevo aqui, nem sei bem porque.
Só pra organizar os pensamentos, ou só pra lembrar
da época que eu tinha doze anos e escrevia diários
e dizia tudo que aconteceu no meu dia
da hora de acordar até a hora de dormir.
Engraçado que eu escrevia tudo o que tinha feito,
mecanicamente, mas não escrevia nada sobre sentimentos.
E agora a minha vontade é de escrever o meu sentir
e eu sinto tantas coisas e tantas ao mesmo tempo
que nem sei como colocar nem como dizer.
Acho que são muitos sentires indizíveis
que não podem ser postos em palavras,
porque palavras são pouco ou nada
quando o coração parece que vai sair
pela boca a todo momento.
As vezes acho que posso explodir
porque não caibo em mim mesma,
e posso até ter uma gastrite de tantas
borboletas no meu estômago...
E fecho os olhos e penso que posso voar
e se bobear eu vôo mesmo.
Sensibilidade exacerbada, como tudo em mim,
não sei como não morro de amores
(ou raivas) o tempo todo.

E agora eu vou dormir, porque já escrevi tudo que pude
sobre o dia e as minhas divagações e sentires,
e estou mais leve apesar de achar
que não escrevi nada, que nada ficou bom,
mas vou deixar assim.
Porque é preciso ter tempo até pra isso,
e com certeza serviram pra alguma coisa
esses escritos estranhos.
Ao menos serve pra preservar a minha clareza mental.
E amanhã tem muito trabalho a fazer. Ufa!

Tomara que eu sonhe com os anjos dessa vez.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Para o planeta

É amanhã! Você também pode fazer a diferença.



saiba mais:
http://www.wwf.org.br/informacoes/horadoplaneta/

Deixar-se guiar pelo cor-Ação.

Quero um nariz de palhaço
um sorriso de lua
pegar carona no vento
dar as mãos com o sol
passear pelas ruas
abraçar as pessoas
espalhar alegria
soprando flores
bolhas de sabão...
Quero viver de arte
respirar amores
me alimentar de cores
e voar com as asas
da imaginação.

Clowns em defesa do parque do Cocó, em 22/03/09.
Na foto, Fulô e Aurélia, cuidando da 'paciente' amiga árvore.



quinta-feira, 12 de março de 2009

Para inventar o tempo.

Olha, confesso que é meio complicado
administrar casa, trabalhos, filho, marido,
mais três blogs, fotologs e afins.
E eu ainda arranjo mais sarna pra me coçar.
Difícil mas não impossível.
Quando a gente faz com amor, sempre dá tempo.
Pra tudo. Oras, se escrevo sobre o dito cujo
e digo para as pessoas que é preciso tê-lo,
nada mais natural que eu dê o exemplo.
Entenda, ás vezes uma coisa ou outra pode ficar
meio esquecida ou sei lá, não dá pra fazer tudo
e ainda fazer na perfeição.
Não tenho a pretensão de ser perfeita nem nada disso.
Apenas defendo que é possivel se dedicar ao que se gosta,
um pouquinho de cada vez, trabalho de formiguinha.
Sem sonhos megalomaníacos.
O que quero dizer é que dá pra fazer de tudo, sim.
Dá pra viver a própria verdade e ser feliz.
Afinal, se foi o homem quem inventou o tempo,
porque eu não posso reinventá-lo, moldá-lo, adaptá-lo?
Tempo é uma coisa que na verdade não existe.
Quem foi que disse que o dia tem 24 horas?
Tudo é condicionamento.
Se quem inventou o relógio tivesse colocado
mais números dentro do círculo, a gente viveria mais?
Então, o que importa é viver bem,
fazer o que se gosta com amor
e não prejudicar ninguém.
Dessa maneira eu conduzo meu tempo e meus dias,
e a coisa tem funcionado.
E se porventura passar a não funcionar mais,
eu mudo tudo. Inverto, mexo, ajeito e continuo.
O que é importante pra mim é, no fim,
não me arrepender do que não fiz.

PS: Muito importante também é não engolir sapos,
são altamente indigestos, e fazem a gente perder tempo
pensando no que poderia ter dito ou feito, e que não fez
porque o anfíbio estava lá, atravessado.

quinta-feira, 5 de março de 2009

...

"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."

Clarice Lispector.

Para mexer nos guardados antigos.


Uma caixinha de lembranças pode render boas surpresas.
Imagine a minha, ao encontrar uma carta profética,
de mim para alguém que ainda viria...
E que realmente veio, três anos depois.
Palavras escritas num momento de solidão,
e que, quem sabe, foram além do papel,
soprar nos ouvidos desse alguém.
Acredito mesmo nisso, que ele ouviu o meu chamado.
E que a gente na verdade se reencontrou aqui.

E, mais coincidência ainda,
oito anos depois, nesse mesmo dia,
chegaria um novo integrante na família.
Nasceu em 2 de novembro.
Transformando e trazendo alegria.

"E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?"

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

...

"...Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira..."

Mário Quintana.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

meu lado B

um novo tempo
um novo blog
novas escrituras.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Para salvar o parque

antes

depois

"...Sereno, o parque espera,
mostra os braços cortados
e sonha com a primavera..."

Miguel Torga



Pessoas queridas, visitem o blog do movimento
"Salvem as dunas do Cocó" e assinem o abaixo assinado.
Vamos dizer não aos interesses políticos que querem destruir o nosso parque!!!



Os dez mandamentos da Ecologia:

1 - Ama a Deus sobre todas as coisas e a natureza como a ti mesmo;

2 - Não defenderás a natureza em vão com palavras, mas através de teus atos;

3 - Guardarás as florestas virgens, pois tua vida depende delas;

4 - Honrarás, a flora, a fauna, todas as formas de vida, e não apenas a humana;

5 - Não matarás;

6 - Não pecarás contra a pureza do ar deixando que a indústria suje o que a criança respira;

7 - Não furtarás da terra a sua camada de húmus, raspando-a com o trator, condenando o solo à esterilidade;

8 - Não lenvantarás falso testemunho dizendo que o lucro e o progresso justificam teus crimes;

9 - Não desejarás para teu proveito que a fonte e os rios se envenenem com o lixo industrial;

10 - Não cobiçarás objetos e adornos para cuja fabricação é preciso destruir a paisagem: a terra também pertence aos que ainda estão por nascer.




fotos: Nayanna Góes.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Para recomeçar.


É preciso paciência
para sentir certas dores
e absorvê-las.

.

Levar o coração para o próximo destino.
Deixar na memória o que passou,
sem lamentações.
E só então,
a transmutação.

.

Tudo se transforma.
Tudo está em movimento.
O tempo está dentro de nós.

.

Ouça o som das mudanças.

.

Tudo que vem
sempre traz
algum bem.

.

"...Você vai aprender que a intensidade pode roubar você de si mesmo. Que é preciso leveza para se pertencer. Vai aprender a se distrair no meio do caminho – para ter o privilégio de errar. Vai aprender que as descobertas estão nos atalhos. E que é preciso alcançar o escuro denso para estar diante de todas as possibilidades. Você vai aprender a se deitar noite escura e amanhecer ensolarado. E vai entender que na perda mora o verdadeiro começo."

Cris Guerra

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Para subir no telhado.


A maravilhosa descoberta de certos sentimentos
é proporcional ao tamanho do medo
que você tem que enfrentar para encontrá-los.

Eu tenho (muito) medo de altura.
Mas lá de cima a vista é mais bonita.
O pôr do sol é mais bonito.
E é mais perto do céu.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

um pouco sobre despedidas

A vida é mesmo imprevisível, uma sucessão de surpresas...
Umas boas, outras nem tanto.
E assim é.
Só nos resta a adaptação constante
ás novas realidades que vão se apresentando.
Eu me transformo.
Sinto de maneira quase sólida as transformações em mim.
Pouco a pouco alguns espaços vão sendo preenchidos,
algumas coisas perdem o sentido,
enquanto outras que sempre estiveram ali
de repente se tornam novas.
Tudo bem.

Ouço a música do vento nas árvores,
o namoro de meio dia das estaladeiras,
a risada do filho,
Laura ciscando as folhas secas,
o canto dos pássaros,
todos os sons...
Tudo é música agora.
Engraçado isso, a música de tudo ao meu redor.
Acalma e alegra, me distancia da loucura do mundo lá fora.
E entristece também, porque não sei quando vou ouvir
essa música outra vez.

Olho para a varanda sem grades, e volto no tempo...
A última vez em que a vi assim foi há 20 anos.
Agora a minha infância e a do filho se confundem.
Ele brinca diante dos meus olhos
e quase posso ver a mim mesma
correndo por onde hoje ele corre,
um outro tempo, outra vida.
O mesmo quintal.
Vou me despedindo lentamente desse quintal,
enquanto me vem a certeza
de que por mais que eu saia daqui,
o lugar nunca sairá de mim.
Coisa estranha essa saudade
que já dói antes mesmo da partida.
Quintal de sonhos, a Praça dos amores, o verde,
essa vida toda pulsando ao redor...
A vida toda passando como num filme.
Quero agarrar com as mãos esse instante fugaz
onde sinto tão forte a energia,
a presença dos antepassados que construíram esse lugar
que agora vai sendo aos poucos desconstruído.
A mim, resta a alegria de ter vivido aqui,
o conforto da memória.
O aprendizado de que tudo é finito,
por mais que a gente queira acreditar no contrário,
e que as coisas de mais valor
não podem ser tocadas e sim sentidas.
E que mesmo que doa esse sentir, tudo valeu a pena.
Um ciclo que se encerra precisa ser bem encerrado
para que o próximo seja melhor.

Então, apesar de saber do falso valor das coisas materiais,
cato no chão um caquinho de pastilha
que se soltou da parede
e quero levar esse caco comigo pro resto da vida.
Respiro fundo e o cheiro do jasmim
enche os pulmões e o coração.
Uma borboleta passa,
cai uma folhinha no chão.
Puro amor.
No pensamento, só as palavras do poeta:
"...e a vontade de chorar que vinha de todas as coisas..."





Rua Joaquim Bastos, n° 595, Bairro de Fátima
Fortaleza, CE, Brasil

Em 05/01/2009.